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Minhas lembranças da enchente que deixou parte de Blumenau submersa por semanas em 1983 

enchente 1983
Rua XV de Novembro, perto da prefeitura de Blumenau. Foto: Arquivo Histórico José Ferreira da Silva

Em 9 de julho de 1983 o Rio Itajaí-Açu atingiu o nível máximo daquela enchente que durou semanas. Eu estava com minha irmã no apartamento em que morávamos, no Centro de Blumenau. Com água por todos os lados, lá permanecemos.


Minha mãe estava no Rio de Janeiro fazendo um curso e nós, em casa, sem telefone, luz e água. Foram dias tensos durante uma das piores inundações que atingiu a cidade. Algumas lembranças não me abandonam até hoje:

— O silêncio
— A ajuda dos vizinhos que mal conhecíamos
— A ajuda do cunhado que levava comida de caiaque
— A comida diferente que só comemos na enchente
— O tanque, a banheira e as panelas cheias de água
— A música do fim da tarde vindo de algum instrumento de sopro nas redondezas
— O ir e vir dos helicópteros
— A TV ligada na bateria de um carro
— O rádio até o cansar da pilhas
— O amigo da família pedindo notícias aos gritos do estacionamento da Igreja Matriz
— O tédio
— O som dos remos na água
— A espera por ver a mancha de lama nas paredes, indicativo de que a água começava a baixar
— A lama escorregadia das ruas
— O cheiro da lama seca pelo sol
— O limpar das paredes e pisos com a água da enchente
— A sujeira nos móveis e equipamentos empilhados na rua
— A perseverança
— A solidariedade

Longos 37 anos não são capazes de apagar da memória tamanha privação e transformação. Aos que não viveram algo parecido, deixo abaixo algumas imagens em vídeo. Aos que lá estavam, vale recordar.


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