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Conselho avalia nesta semana projeto de construção de loja da Havan no Centro Histórico de Blumenau 

havan centro histórico
Projeto prevê loja da Havan em um das extremidades da Rua das Palmeiras. Foto: divulgação

Os integrantes do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural Edificado (Cope) apreciam na quarta-feira o projeto de construção de uma nova loja da Havan no centro Histórico de Blumenau. O Cope vai avaliar o impacto da obra no conjunto de edificações tombadas pelo patrimônio histórico do entorno e que formam o Centro Histórico da cidade. O projeto precisa da aprovação dos conselheiros para avançar nas próximas etapas em busca do alvará de construção. Se for rejeitado, segue para o arquivo.

A ideia da rede é erguer uma loja em um dos terrenos que, no passado, abrigaram o estádio Aderbal Ramos da Silva, demolido em 2007. A área tem frente para as ruas Oscar Jenichen e Alwin Schrader e o empreendimento, se erguido, poderá ser visto tanto da Rua Amazonas como da Rua das Palmeiras. O projeto prevê uma unidade com mais de 13 mil metros quadrados de área construída com área de loja de mais de 5 mil metros quadrados e estacionamento para 270 veículos,


Um parecer técnico assinado pelo diretor de Planejamento Urbano e por uma arquiteta da prefeitura de Blumenau considera a proposta inadequada para o local. O documento foi anexado ao projeto que será avaliado pelo Cope na reunião de quarta-feira.

Entre os problemas encontrados pelos técnicos da prefeitura está o grande impacto visual negativo, com arquitetura fora do contexto histórico e cultural da região. Eles alertam que é necessário preservar as paisagens “consideradas importantes e controlar a ocupação, principalmente as que possam, de alguma forma, desqualificar o espaço”.

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Perspectiva da loja projetada a partir da Rua Alwin Schrader. Foto: divulgação

O documento também alerta que ao longo dos anos edificações desproporcionais ao conjunto histórico contribuíram para a desvalorização do patrimônio e que novos projetos deveriam valorizar a região e se integrar com os edifícios existentes. Outro problema encontrado é o fato de que o empreendimento traria mais carros para a região, aumentando os engarrafamentos e desqualificando a região ainda mais.

Manifestações contrárias

Além do parecer dos técnicos da prefeitura, os conselheiros também receberam manifestações contrárias de três entidades da cidade. O Núcleo Blumenau do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) diz que é “inconcebível a aprovação do projeto arquitetônico da Havan pela total incompatibilidade do empreendimento com a área”. A entidade diz que o Centro Histórico é um dos locais mais sensíveis da cidade em termos culturais e históricos e lembra do potencial turístico, cultural e de lazer que pode ser perdido.


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Outro ofício foi encaminhado pelo Conselho Municipal de Política Cultural de Blumenau, que também é contra o projeto apresentado. O documento reforça a questão do potencial turístico, cultural e de lazer ameaçado e avalia que o projeto não valoriza as particularidades do Centro Histórico. Segundo o documento, preservar a região e o patrimônio arquitetônico ajuda as futuras gerações a entender a evolução da cultura e da própria cidade.

Por fim, o Instituto Histórico de Blumenau (IHB) diz que não é contra a construção de novas edificações no Centro Histórico, desde que elas estejam em sintonia com o entorno, respeitando a cultura local e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida urbana.

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Mapa da região com o terreno do projeto em destaque. Foto: Google Maps, reprodução

Diz o texto que “a inserção de elementos exóticos que valorizem marcos de culturas estranhas à nossa herança cultural em nada contribuem para a valorização do marco zero da colonização de Blumenau”. Por fim, sugere que medidas compensatórias sejam estabelecidas, como a adoção de arquitetura moderna baseada na história da cidade e a criação de bistrôs e praças na parte externa do empreendimento para incentivar a permanência das pessoas no Centro Histórico, mesmo quando a loja estiver fechada.

Aval da União e do Estado

Além desses ofícios, os conselheiros devem considerar dois pareceres favoráveis à construção. São análise menos abrangentes que a do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural Edificado.

O do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) leva em conta o impacto da obra no patrimônio tombado pela entidade, mais especificamente a Igreja Luterana do Espírito Santo.

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Terreno onde está projetada a nova unidade da Havan em Blumenau. Foto: Pancho

O parecer do Iphan veio depois de alguns ajustes no projeto. A entidade barrou, por exemplo, a cópia da estátua da liberdade e exigiu uma faixa de área verde maior que a proposta originalmente. Já a Fundação Catarinense de Cultura avalia o impacto nas edificações tombadas pelo estado e seguiu a linha de raciocínio do Iphan.

Discussão importante

Mais que a análise de um projeto, a discussão deve se estender para a importância do Centro Histórico da cidade e quais medidas deveriam ser adotadas pelo município para preservar essa importante região e valorizar o ponto em que Blumenau começou a ser construída. Essa discussão, aliás, é extremamente pertinente. Ainda mais para uma cidade que se vende como turística e deveria ver naquela região um potencial gigantesco de atração de visitantes.

Procurada pelo blog, a Havan preferiu não se manifestar sobre o tema.

5 Comments

  1. Luiz Carlos Koerich

    Boa Noite!

    Não resta dúvida que um empreendimento como uma loja Havan naquele local é totalmente descabido, mas quem tem força para encarar o capitalismo desenfreado? Além disso, os proprietários do terreno não podem usufruir dele? Se o poder público tivesse fundos para indenizar os donos do terreno, seria muito bom para a cidade que ali fosse implantada uma praça pública. Nossos administradores públicos nunca presaram por espaços públicos e históricos, se o fossem, não existiria naquele local o esqueleto de um prédio em obras há mais de 25 anos e outros chamados históricos caindo aos pedaços.

  2. Márcio V. Clemente

    Nosso centro histórico está muito abandonado. Casarão caindo aos pedaços ao lado da Câmara de Vereadores, edifício América que insiste em permanecer no local, a praça onde fica o restaurante Tapioca, é uma vergonha, o piso muito mal cuidado, esburacado e sujo.
    Este espaço tem que ser revitalizado e repensado pela prefeitura, como realmente um ponto turístico para os Blumenauenses e para os visitantes de fora.

  3. marcelo

    Pode até ser inadequada a proposta da loja no local, mas ficar abandonado os terrenos do jeito que está o entorno também não dá. Como exemplo do casarão histórico pertencente ao Estado que estão em ruínas e prestes a desabar. O local já foi encontra-se parcialmente descaracterizado pelas outras edificações que possui nas rua.

  4. Dalva

    Concordo plenamente, nada mais triste que um centro histórico em ruínas.

  5. Loja da Havan no Centro Histórico de Blumenau não é garantia de geração de empregos diretos - Pancho

    […] queda de braço que se formou em relação à construção de uma nova loja da Havan no Centro Histórico de Blumenau, os favoráveis colocam no topo da lista de argumentos a geração de empregos. De 200 a 300 postos […]

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