Há 36 anos, em 1984, num 7 de agosto como hoje, o Rio Itajaí-Açu atingia o nível mais alto de uma das maiores enchentes testemunhadas por blumenauenses. Foi na medição das 16h daquela terça-feira chuvosa que as águas chegaram a 15,46 metros, 12 centímetros a mais que na enchente do ano anterior.
Na Rua XV de Novembro, bem pertinho da catedral, uma pequena placa fixada na parte baixa da fachada de um prédio histórico mostra onde a água bateu há exatos 36 anos. É o prédio da antiga Confeitaria Tönjes, que hoje abriga uma loja de cosméticos e outra de moda íntima. Tudo indica que há um equívoco na data, já que nos registros oficiais consta que o pico daquela enchente foi mesmo no dia 7.
A comprovação também está em um gráfico feito pelo engenheiro Ademar Cordero, do Centro de Operação do Sistema de Alerta (Ceops), ligado à Universidade Regional de Blumenau (Furb). Em 1985, quando ele começou a trabalhar no Projeto Crise, embrião do Ceops, ele traçou as linhas do nível do rio com base nas medições que naquela época eram feitas de duas em duas horas.
No mesmo gráfico (clique na imagem abaixo para ampliar), há o nível do rio em outras cidades, como Rio do Sul, Timbó, Ibirama e Indaial. Também há as marcações de quando a água passou por cima das barragens de Taió e Ituporanga.
Diferença no nível
Outra curiosidade tem relação com o nível máximo do rio. Na mediação feita na época, ele chegou a 15,26 metros, mas depois da enchente foi constatada uma diferença em relação às referências topográficas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e o nível foi corrigido. A anotação também está no gráfico feito em 1985.
O mais assustador é que o nível do rio naquela enchente subiu rapidamente. Foram necessárias 58 horas, pouco mais de dois dias, para ele passar de dois para 15,46 metros.
Lembranças
Não foi uma enchente tão longa quanto a de 1983. Como mostra o gráfico, em quatro dias a água baixou para oito metros. No ano anterior a água do Itajaí-Açu cobriu a cidade por semanas. Talvez por isso a enchente de 1984 não seja tão lembrada e comentada como a antecessora, apesar de ter atingido um nível mais alto.
Tenho frescas as lembranças de 1983, mas as de 1984 são raras. Lembro-me bem de uma cena do pós-enchente. Nela estou com minha mãe em uma das salas do Colégio Franciscano Santo Antônio montando cestas básicas que seriam distribuídas aos desabrigados.
Calendário
É o tipo de lembrança que deve ser mantida e resgatada de vez em quando. Temos que conviver com o rio e estamos sujeitos a enchentes. De alguma maneira a população deveria ser melhor preparada para lidar com elas. Fica a sugestão para que a Semana da Defesa Civil, comemorada em julho se faça mais presente, mobilizando o maior número de pessoas em capacitação, conscientização e prevenção.
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Sobre o Pancho
Sou jornalista formado pela Universidade do Vale Itajaí (Univali) e atuo como profissional desde 1999. Fui repórter...
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Ótima lembrança e alerta Pancho. Tenho sempre 3 sugestões para os casos de cheias aqui na nossa região: 1) conscientização da população de descarte correto do lixo (essa da Semana da Defesa Civil é ótima proposta); 2) limpeza das vias e principalmente das tubulações (que deveria ser frequente, mas passam anos sem ninguém olhar isso) pela Prefeitura; e 3) verificação e manutenção das barragens, importantes aparelhos na contenção das cheias (em especial de José Boiteux, que pelas últimas notícias que lembro, estava entregue aos desmandos e sem a mínima atenção governamental). Parabéns pelo Blog!
Em 1983 morava no Floresta Negra no Garcia. Passamos de barco com a mulher e filha por cima da ponte sobre o Ribeirão Garcia e desembarcamos quase na rua XV na travessa que passa em frente ao Plaza Hering. Saímos de Helicóptero mandado pelo Banco em que trabalhava do estacionamento do na época Supermercado Pfutzenreitter (hoje Shopping).