João Elson dos Santos, 73, nasceu em Serra do Cuité (PB). Os pais trabalhavam na roça e tiveram 10 filhos. Quando ele tinha oito anos a família foi para Natal (RN). Trabalhou como engraxate e vendendo cocadas que a mãe fazia em casa. Dois anos mais tarde eles decidiram ir para o Rio de Janeiro. Viagem de uma semana no porão de um navio.
Foram recebidos pelo tio e no dia seguinte saiu nas ruas para vender cocada. Cocadinha era o apelido dele. Também foi engraxate e mais tarde começou a comprar coisas para vender. Montava barracas nas feiras e na Central do Brasil para atuar como camelô. Foi alfabetizado aos 14 anos no supletivo que cursava à noite.
Fez curso de chapeador de automóveis no Senai e alternava períodos como empregado em oficinas com outros no comércio de rua. Depois começou a vender arroz que o irmão beneficiava em Brusque, onde ele tinha um engenho. Veio para Brusque trabalhar e lá estava nas enchentes de 1983 e 1984. Passou anos viajando entre Brusque e Rio de Janeiro até que resolveu morar em Blumenau, onde o irmão abriu uma indústria.
Trabalhou com ele por cinco anos. Montou uma “firma” de estopa. Não deu certo. Com outro irmão abriu outra empresa, mas veio o Plano Collor e novamente a empresa teve que ser fechada. Voltou pro Rio e chegou a montar duas lojas na favela. Mais tarde Blumenau o chamou novamente e na cidade está há cerca de 30 anos.
Trabalhou na Cia Urbanizadora, onde se aposentou, e depois em supermercado e empresas de limpeza. Fez um curso de mecânico de máquina de costura no Senai, mas nunca conseguiu uma oportunidade de emprego. Diz ele que por causa da idade. Passou um tempo parado e desde dezembro de 2016 vende panos de louça na rua. Mora com um irmão no bairro Fortaleza e nas horas de folga gosta de uma cervejinha. Nunca se casou e diz que vai continuar solteiro.
Data da foto e entrevista: 28 de março de 2017
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