Sou fã das intervenções que os alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Regional de Blumenau (Furb) costumam fazer na região central da cidade. Nesta semana, em pontos estratégicos, mensagens foram deixadas para que os passantes prestem mais atenção, principalmente, nos problemas do entorno. Atenção que nem seria tão necessária para perceber que, em muitos aspectos, teimamos em não evoluir como pessoas e como cidades.
Na cabeceira da ponte Adolfo Konder, por exemplo, um boneco traz no peito dizeres do arquiteto Jan Gehl, autor do livro Cidade Para Pessoas, que deveria estar aberto na mesa de todos os prefeitos do planeta. “Atravessar ruas deveria ser um direito humano e não algo que se precisa solicitar”.
O preço da negligência na atenção às pessoas está na placa erguida pelo mesmo boneco. Dois QR codes conduzem o pedestre para reportagens sobre recentes acidentes nas vias de Blumenau: o atropelamento com morte na Rua São Paulo e a colisão de uma moto com uma ciclista na Rua Antônio da Veiga, ambos nos arredores da universidade em que esses alunos estudam.
Na travessa Flores Filho, que liga a Rua XV de Novembro à Rua Getúlio Vargas, uma placa vermelha escancara a falta de calçadas e segurança para pedestres. A pequena via é um dos exemplos de espaço insuficiente para todos nós (todos somos pedestres). Na Rua Paraíba e na Capitão Euclides de Castro temos mais exemplos históricos de descaso.
Qualidade dos espaços
Os futuros arquitetos e urbanistas criam essas intervenções na disciplina Ateliê III com acompanhamento das professoras Fernanda Ikert e Daniela Sarmento. A ideia é levar a teoria à prática com base no que importantes autores, como Gehl, dizem sobre a qualidade do espaço público. Fernanda defende que a atividade é uma forma dinâmica de aprender e levar conhecimento para fora da sala de aula.
Insistam, professores e alunos! Por mais que, muitas vezes, parece que estamos falando para o vazio, em algum momento a mensagem chega a quem precisa ser lembrado sobre direitos e deveres no cotidiano da cidade. Água mole em pedra dura tanto bate até que a cidade, em todas as formas e expressões, tenha as pessoas como prioridade.
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Sobre o Pancho
Sou jornalista formado pela Universidade do Vale Itajaí (Univali) e atuo como profissional desde 1999. Fui repórter...
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